Barbudo critica atuação de Lira 'só põe em pauta o que quer'

Por Mariana da Silva - Especial para o GD em 25/06/2024 às 12:19:23

Deputado federal por Mato Grosso Nelson Barbudo (PL) criticou a conduta do presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP) referente ao PL 1904, que ficou conhecido como "PL do estupro". Na avaliação dele, o presidente da casa só coloca em pauta os projetos que "bem entende".

"O presidente pauta o que ele quer, na hora que ele quer e a gente é obrigado a engolir. Sou a favor da mudança no regimento, os projetos deveriam ter escala. Os deputados não aprovam nenhum projeto, só se o Arthur Lira quiser. Ele não põe em votação, é a bel prazer do presidente. Isso precisa ser mudado, senão a função do deputado é meramente ilustrativa", declarou durante entrevista à rádio Capital essa semana.

Barbudo também acrescentou que o projeto estaria "dormindo" e de um dia para o outro foi posto em votação sem passar por comissões, sem discussões e debates, enfrentando ainda a pressão da sociedade. Na última semana, o posicionamento do parlamentar contrário ao texto do projeto foi motivo de surpresa tanto no meio político quanto na sociedade em geral devido ao seu perfil conservador.

O fato levantou até mesmo dúvidas sobre a possibilidade de um racha dentro do Partido Liberal, em razão da defesa ferrenha ao projeto, em especial por parte dos deputados e seus correligionários Abilio Brunini e Coronel Fernanda. Questionado sobre essa possibilidade, Barbudo disse que, apesar da polêmica, não houve racha e assinalou que os ânimos no partido estão tranquilos já que cada colega responde por si, o que seria, em sua visão, algo democrático.

Mesmo pertencendo à ala da direita e reafirmando ser contrário ao aborto, o deputado disse que "não quer ser conivente com nenhuma pauta que prejudique a mulher" e que, do modo que está o projeto, não vota a favor, pois a dosimetria da pena imposta a mulher que praticar a interrupção da gestação não deveria ser maior do que a do próprio estuprador que a violentou.

"Acho muito 20 anos. Eu defendo uma dosimetria para essa pena. Sou contra aborto, mas a moça até ela procurar o Ministério Público, uma UPA, conseguir decisão da Justiça morosa dá 5 meses. Ela se desespera e num momento de loucura comete o aborto, e aí 20 anos de cadeia? Ah, não. É muito, ela não pode ser responsabilizada, porque ela tá vivendo uma situação traumática", disse durante entrevista em programa de rádio Capital.

O parlamentar ainda reiterou que defende que casos de estupro sejam punidos com castração química, prisão perpétua e pena de morte.

Fonte: Gazeta Digital

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