Número de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) cresceu 121,3% na última década em Mato Grosso, passando de 614, em 2014, para 1.359 em 2024. Atualmente, são 37,14 leitos para cada 100 mil pessoas e o setor privado tem se mantido como o principal operador das unidades intensivas nos últimos anos, mesmo durante a crise de saúde pública causada pela covid-19.
Ao longo dos anos a alta mais expressiva se deu em 2022, durante a pandemia da covid-19 no país. Na comparação entre a oferta de leitos para a rede pública e para rede privada de saúde, em 2024, do total de leitos de UTI existentes no estado, 56,4% são operados pela rede privada, enquanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são 43,5%.
Os dados fazem parte do estudo "A Medicina Intensiva no Brasil: perfil dos profissionais e dos serviços de saúde", divulgado nessa terça-feira (19) pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) que avalia que, apesar do aumento considerado significativo em todo o país, que chegou a 52%, a distribuição desses leitos permanece "gravemente desigual", tanto pelo aspecto territorial, quanto pelo social.
Presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Mato Grosso (Sindimed-MT), Adeildo Lucena reconhece o aumento significativo nos leitos no Estado, assim como no país, porém ressalta que apesar da melhora significativa, ainda é preciso ampliar a oferta no setor público, que concentra a maioria dos usuários no Brasil todo.
"A rede privada atende em torno de 30% da população. Fica muito desproporcional se mais da metade dos leitos atendem 30% da população não SUS, enquanto na rede pública temos mais que o dobro de pessoas", afirma.
Lucena ressalta que com o levantamento, em um primeiro momento, os avanços nos leitos passa a impressão de que está tudo bem, mas em alguns estados a cobertura de leitos fica abaixo do mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, que é de 1 a 3 leitos para cada 10 mil habitantes.
A densidade média de leitos do país, por exemplo, é de 36,06 a cada 100 mil habitantes, mas em 19 dos 27 estados ela fica abaixo do patamar. "Precisamos de ações que facilitem o acesso da população mais carente".
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