Evitar sair de casa é uma das maneiras que Silvia Cristina de Campos, 56, encontrou para não dar de cara com o assassino da filha Izabella Cristina Cazado de Lima, 22, morta em 31 de maio de 2015, na cidade de São José do Rio Claro. Rony Robson Souza Santos, namorado de Izabella, a executou com três tiros. O caso foi considerado o primeiro feminicídio registrado em Mato Grosso. A morte ocorreu dois meses após a Lei 13.104/2015 entrar em vigor, trazendo feminicídio como qualificadora do homicídio.
Em outubro de 2018, Rony foi condenado pelo júri popular a 21 anos de prisão. Menos de 4 anos depois, em junho de 2022, teve progressão para o regime semiaberto por ter cumprido um sexto da pena e ostentar bom comportamento carcerário. Em setembro deste ano, ganhou mais um benefício, a retirada da tornozeleira eletrônica. Foram pouco mais de seis anos preso.
Silvia foi informada por amigos e familiares que o assassino leva uma vida normal na cidade. Ela diz que até evita sair para não encontrá-lo, pois não sabe qual será a sua reação. Se a Justiça dos homens assim entendeu, tudo bem, mas há a Justiça de Deus. E eu peço a Deus que se eu tiver que encontrar ele, que Deus esteja ao meu lado e me oriente para eu não ser agressiva e nem falar coisa que eu não deva. Não cabe a mim.
A mãe de Izabella afirma que até hoje não compreende a morte da filha, descrita como uma menina muito alegre, que gostava de dançar e sempre estava rodeada de amigos. A jovem estava prestes a participar da festa de formatura de Direito e, segundo a mãe, tinha como sonho ajudar pessoas que muitas vezes não sabiam os caminhos da Justiça.
Por outro lado, descreveu Rony como um homem muito ciumento. Ela e o marido, que morreu de desgosto meses após perder a filha, não concordavam com o relacionamento recém reatado.
Naquele dia, o então genro almoçou na casa de Silvia e ela pressentia que seria o último em que veria a filha. À noite, Izabella foi a uma lanchonete com Rony e lá também estavam amigas dela. A jovem chegou a ligar para o pai e perguntar se queria algo. Neste momento, conta Silvia, ela sentiu que algo errado aconteceria, gritou pedindo para filha voltar. Foi o último contato.
O casal saiu do local de mãos dadas e, no trajeto, Izabella foi morta. Silvia ainda viu o carro do genro passando em alta velocidade em frente à casa dela. Era a certeza que algo havia ocorrido. Ligou para filha e ninguém atendia. Perdi meu brilho, a gente tem que viver até o dia que Deus chamar. Também preciso cuidar da minha filha especial, de 40 anos, ela depende de mim. A única coisa que me sustenta é a fé porque a dor pior que existe no mundo é a de perder um filho.
Fonte: gazetadigital