Nas últimas semanas, casos de atropelamento e morte de sucuris grávidas têm sido registrados e viralizados nas redes sociais. Além disso, o Corpo de Bombeiros tem frequentemente divulgado resgates desses animais em áreas urbanas. Para compreender os motivos por trás dessa situação e entender melhor os hábitos dessas serpentes, é importante observar seus ciclos reprodutivos, que variam de acordo com a espécie.
A sucuri-do-marajó, por exemplo, inicia o preparo para a reprodução entre os meses de abril e maio. Já a sucuri-verde tem o ciclo reprodutivo que começa em janeiro e pode se estender até junho. No caso da sucuri-do-pantanal, a gestação ocorre entre novembro e março. Durante este período, as fêmeas passam por um fenômeno conhecido como "Bola Reprodutiva", onde elas se acasalam com um número que varia de 1 a 13 machos, geralmente por um período que vai de 2 a 46 dias, com uma média de cerca de 18 dias. A gestação das sucuris pode durar até 7 meses.
Durante essa fase, a fêmea passa por uma grande transformação, ganhando peso e acumulando energia necessária para a gestação, já que ela parirá filhotes vivos. No entanto, como o método de predação da sucuri é baseado na constrição — em que ela se enrola na presa e aplica pressão até causar a parada cardiorrespiratória —, ela não pode caçar durante a gravidez, ou acabaria matando seus próprios filhotes. Por esse motivo, se não conseguir acumular energia suficiente, a fêmea pode optar por pular a estação reprodutiva, o que acontece a cada dois anos.
Esse comportamento pode explicar, em parte, o aumento de encontros de sucuris nas áreas urbanas, onde elas buscam alimento ou locais seguros para dar à luz. O crescimento da população humana nas margens de rios e áreas próximas a habitats naturais dessas serpentes tem levado a mais casos de atropelamento e resgates, além de criar um desequilíbrio na interação entre esses animais e o ambiente urbano.
Fonte: Gazeta digital