João Vieira
O vereador afastado de Cuiabá, Sargento Joelson (PSB), se pronunciou nesta terça-feira (6) em suas redes sociais, a respeito das investigações que apontam que ele teria cobrado propina de uma empresa para votar um projeto que a favorecia. Segundo ele, existe uma "armação política" que busca prejudicá-lo.
O vereador afirma não pode dar detalhes das investigações, já que estão em segredo de justiça, e negou que tenha recebido os R$ 250 mil em propina da empresa HB20 Construções, conforme aponta o inquérito policial. "Posso afirmar com tranquilidade que não recebi dinheiro algum e que tenho plena confiança de que tudo será esclarecido em breve", afirmou.
"A cada passo fica mais evidente que eu estou sendo vítima de uma armação política. Confio no trabalho da polícia e justiça, que com responsabilidade e serenidade, irão mostrar a verdade", completou.
A declaração ocorre 7 dias depois da Operação Pefídia que realizou busca e apreensão em sua residência, gabinete, e que apreendeu seus celulares e o afastou do mandato por 180 dias. O teor da declaração também pode ser interpretada como uma crítica ao prefeito Abilio Brunini (PL), que foi quem denunciou o esquema ainda em 2024. Ao dizer que seria armação política, o vereador reforçou o que disse em nota no dia da operação, quando atribuiu ao gestor a "culpa" pela ação policial.
No final, Joelson pediu desculpas para a família, o grupo político e a população de Cuiabá. De acordo com as investigações, Sargento Joelson obteve o aval do ex-presidente da Câmara, Chico 2000 (PL), para efetuar a negociação da propina com a construtora. Em troca, o parlamento cuiabano aprovaria o projeto de reparcelamento das dívidas da prefeitura, para voltar a obter certidões negativas e assim pagar empresas, entre elas, a HB20 Construções, que dias depois recebeu R$ 4.8 milhões.
Em um dos áudios, existe uma troca de mensagem entre o vereador e um servidor da empresa, quando Joelson confirma que Chico 2000 (PL), então presidente da Câmara de Cuiabá, estava ciente do esquema criminoso. O inquérito, elaborado após a análise de conversas anexadas pela denúncia a Delegacia Especializada à Combate a Corrupção, a DECCOR, da Polícia Civil, junto de prints de conversas entre Joelson e o intermediador, revela como eram feitas as transferências das propinas, pagas semanalmente entre valores de R$ 25 a R$ 50 mil.
No referido áudio, Joelson inicia cumprimentando o homem e na sequência diz que outro funcionário da HB, teria lhe procurado para pressionar sobre a demora para autorizar os pagamentos retroativos por parte da Prefeitura de Cuiabá e retomar as obras do Contorno Leste. O vereador afirma não ter gostado que terceiros entrassem no "acordo" e cita que Chico 2000 não gostaria de saber dessa intromissão.
"Bom dia, J, tudo bom? Oh irmão, teve um cara aqui por nome Jean, falando em nome da empresa aí, querendo resolver problemas, de acordo... de acerto entre nós e vocês aí. Ôôh irmão, deixa eu só te falar cara, o acordo foi feito entre eu e você cara. O presidente Chico, um dia participou e deu o aval cara, agora você fica mandando terceiros aqui cara. Não está resolvido nosso trem? Nós não resolvemos a parte suas e você está terminando de resolver a parte nossa, então está tudo certo, não tem que ficar mandando ninguém aqui não, pow! Aí vem esse cara aí que eu não sei quem é, nunca falei com ele, ninguém me apresentou ele. Fica um clima chato, cara. Não é assim que funciona as coisas aqui não pow. Ok? Vê aí... o negócio é entre nós (câmara) e você aí, Jorge. Tá tudo resolvido, a nossa parte tá resolvido, não tá?! Fizemos o que você pediu, você está resolvendo a nossa e está praticamente tudo certo já, então não entendi por que que esse cara veio aqui, cara", diz Joelson nos áudios.
Fonte: Gazeta digital