Os influenciadores do Jogo do Tigrinho presos em São Paulo e Mato Grosso na Operação 777, deflagrada pela Polícia Civil na última quarta-feira (27), foram soltos neste domingo (1º). Eles haviam sido submetidos à prisão temporária, que tem o prazo máximo de 5 dias. Contudo, após a soltura, eles ainda deverão cumprir as medidas cautelares determinadas pela Justiça, incluindo o bloqueio definitivo de suas redes sociais.
Após decisão da justiça, foram soltos os influenciadores Nicolas Guilherme e Vitor Vinícius, que são irmãos, Carlos Henrique Morgado, Larissa Gonçalves Matelli e Gabriel Ferreira. As mães de três dos investigados também foram soltas, elas são investigadas por lavagem de dinheiro obtido com a promoção das plataformas ilegais.
Um outro influenciador, identificado como Bruno Marques, que também estava com o mandado de prisão temporária em aberto, segue foragido. Conforme divulgado anteriormente, ele estaria em Paris, participando de um evento de lançamento de uma plataforma de jogo online.
Entre as medidas cautelares impostas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá (NIPO), está a de não fazer nenhuma divulgação envolvendo jogos ilegais. Além disso, as redes sociais dos investigados estão sendo bloqueadas pela empresa Meta, proprietária do Instagram e Facebook. Todos os investigados também estão proibidos de deixar o país e devem entregar os passaportes para apreensão pela Polícia Civil. O descumprimento das medidas pode acarretar na prisão preventiva dos influenciadores.
Ao todo, foram expedidos pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá (Nipo) 19 mandados judiciais, sendo oito de prisão temporária, 11 de busca e apreensão domiciliar, sequestro e bloqueio de bens e valores milionários movimentados pelos investigados.
Além das prisões, a justiça sequestrou mansões e carros de luxo, bloqueou R$12.869.572,00, suspendeu nove empresas em nome dos investigados e tirou sete redes sociais do ar.
Operação
A Operação 777 foi deflagrada pelas delegacias especializadas do Consumidor e de Estelionato e Outras Fraudes de Cuiabá com o objetivo de combater a divulgação de jogos de azar online e de rifas ilegais.
De acordo com as investigações, os influenciadores usavam as redes sociais para divulgar vídeos demonstrativos com ganhos falsos para atrair apostadores para as plataformas do Jogo do Tigrinho. Eles também ostentavam uma vida de luxo, com carros, casas e viagens, para atrair seguidores, que acabam acreditando que a riqueza é fruto das apostas.
No entanto, foi constatado, após depoimentos dos presos, que eles não ganham nada com as apostas e que as viagens eram bancadas por chineses, donos das plataformas.
Já na modalidade de rifas online, a fraude gira em torno da venda de uma quantidade restrita de números, apenas para cobrir a despesa do bem a ser sorteado, geralmente carros. A maior parte dos números ficam para o próprio influenciador, a fim de aumentar a chance deles mesmos serem os sorteados. Quando eles ganham o prêmio, eles encontram um comparsa que se passa pelo ganhador. Essas rifas são comercializadas por um preço baixo, para atrair o maior número de compradores.
Diante disso, os investigados poderão responder pelos crimes de exploração e de divulgação de jogos de azar, crimes contra as relações de consumo, estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro, uma vez que os valores que os influenciadores esbanjam são provenientes do crime e a compra de carros e imóveis tem o objetivo de lavar esse dinheiro.