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Julgamento

O julgamento de Ledur, acusado de maus-tratos contra um aluno, foi novamente adiado.


O julgamento da capitã do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, acusado de maus-tratos contra o aluno Maurício Júnior dos Santos durante um treinamento em 2016, foi novamente adiado. A nova data para a sessão foi remarcada para o dia 7 de fevereiro de 2025. O julgamento, que estava originalmente agendado para esta quarta-feira (29), já havia sido adiado em outras ocasiões, sendo a mais recente a de dezembro de 2024. A decisão foi tomada pelo juiz Moacir Rogério Tortato, da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, especializada em Justiça Militar, que alegou a "impossibilidade de os juízes militares comparecerem" nas datas previamente estabelecidas. A informação sobre o novo agendamento foi publicada nesta terça-feira (29).


O processo envolvendo a capitã Ledur tramita desde 2020, e inicialmente ela foi denunciada pelo crime de tortura contra o aluno Maurício, ocorrido durante o 15º Curso de Formação de Soldado do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, na Lagoa Trevisan. No entanto, em agosto de 2024, o Ministério Público de Mato Grosso pediu a desclassificação do crime de tortura para maus-tratos, considerando que, embora a vítima tenha passado por uma experiência semelhante à de Rodrigo Claro — que morreu após treinamento liderado pela mesma oficial —, não havia indícios suficientes para comprovar que houve tortura.


O caso ganhou notoriedade devido à gravidade das acusações, sendo que, durante o treinamento, Maurício Júnior passou por uma situação extrema. Segundo os autos, no dia do ocorrido, as atividades começaram por volta das 7h, com uma série de exercícios físicos, incluindo corrida, flexões, polichinelos, abdominais, e culminando com a travessia da Lagoa Trevisan. O treinamento era conduzido pela tenente Izadora Ledur, responsável pela supervisão e pela disciplina dos alunos.


Durante a travessia, Maurício começou a sentir câimbras depois de percorrer cerca de 40 metros. Outros alunos o ajudaram, e um tenente lhe forneceu uma boia ecológica para assisti-lo. No entanto, em determinado momento, Ledur instruiu os outros alunos a prosseguirem com a travessia, deixando Maurício para trás. Nesse momento, a oficial teria adotado um comportamento agressivo, tratando o aluno com desprezo e iniciando o que foi descrito como uma sessão de afogamentos. Ela usou a corda do lifebelt para amarrar a perna e o braço de Maurício, submergindo-o repetidamente na água.


Após várias tentativas de se salvar e pedir socorro, Maurício, já exausto e sem forças, segurou os braços de Ledur e implorou para que ela parasse. A oficial, no entanto, não só ignorou os pedidos da vítima como também a repreendeu, gritando: "Você está louco? Aluno encostando em oficial." A sessão de afogamento só foi interrompida quando Maurício perdeu a consciência. Ele foi então levado até a margem da lagoa, onde recobrou os sentidos e começou a vomitar muita água. Mesmo em estado de esgotamento físico e mental, Ledur continuou a pressioná-lo, exigindo que ele retornasse à água. No entanto, devido às intensas dores de cabeça e ao temor por sua vida, Maurício se recusou a continuar o treinamento.


Este caso gerou grande repercussão e levantou questões sobre a responsabilidade de oficiais militares no trato com seus subordinados, principalmente em contextos de treinamento intenso. O julgamento, que agora será realizado em fevereiro, representa uma tentativa de responsabilizar a capitã pelo que é considerado abuso de autoridade e maus-tratos no contexto de suas funções no Corpo de Bombeiros. A sociedade aguarda a decisão da Justiça, que, além de esclarecer os fatos, poderá ter implicações importantes para a conduta dos militares durante treinamentos.

Gazeta digital

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