O início das aulas em Cuiabá foi oficialmente adiado para o dia 10 de fevereiro, conforme anunciado pela prefeitura no fim da tarde desta sexta-feira (31). A decisão foi tomada após uma reunião entre o prefeito Abílio Brunini (PL), a presidente do Conselho Municipal de Educação, Andréa dos Santos, e a comunicação prévia ao promotor de Justiça Miguel Slhessarenko Junior. O adiamento foi necessário devido à precariedade das condições estruturais das escolas municipais, que enfrentam sérios problemas de infraestrutura, agravados pelas fortes chuvas registradas recentemente.
Mais cedo, o prefeito havia convocado uma reunião urgente para discutir a situação da Educação na cidade e sinalizou que o início do ano letivo poderia ser postergado por uma semana. Contudo, com a gravidade da situação e a necessidade de medidas imediatas, a decisão foi antecipada, fixando o novo prazo para o dia 10 de fevereiro.
Durante a reunião, o prefeito Abílio Brunini explicou que a gestão municipal ainda não conseguiu contratar as empresas responsáveis pela manutenção e limpeza das unidades escolares. Isso se deve, em grande parte, aos atrasos nos repasses financeiros deixados pela administração anterior, o que também dificultou a compra de materiais essenciais para garantir a limpeza e a segurança das escolas. Além disso, as chuvas intensas nos meses de dezembro e janeiro agravaram ainda mais a situação estrutural de diversas unidades, como a Escola Zeferino Leite de Oliveira, no bairro Pedra 90, onde foram identificados sérios riscos elétricos. "Temos 171 unidades escolares e ainda não conseguimos contratar as empresas necessárias para manutenção e limpeza, o que agrava a precariedade das condições em que as escolas se encontram", afirmou o prefeito, ressaltando o risco de acidentes.
Outro ponto crítico levantado por Abílio foi a situação da folha de pagamento dos servidores municipais. Em janeiro, foi finalmente possível quitar os salários referentes a dezembro de 2024, mas ainda há pendências, como o pagamento do terço de férias dos servidores, que não foi pago até o momento. Além disso, o salário de janeiro só será quitado em 10 de fevereiro, o que agrava a situação financeira de quem trabalha nas escolas e dificulta a organização para o retorno às atividades. "Os servidores dependem desse pagamento para se manterem, e eles precisam desse recurso para poder desempenhar suas funções nas escolas", explicou o prefeito, destacando a importância de resolver essas pendências para garantir que os profissionais da Educação estejam em condições de atuar.
A infraestrutura das escolas foi outro fator crucial para o adiamento do início das aulas. Segundo Abílio Brunini, entre 10 e 15 unidades escolares estão em condições consideradas insustentáveis. Algumas escolas apresentam telhados comprometidos e caixas d'água com risco iminente de desabamento, como ocorreu na Escola Nico Baracat, onde parte da estrutura desabou. "A segurança de nossos alunos e servidores é nossa prioridade. Temos que tomar essa decisão difícil, mas necessária, para evitar tragédias. É mais seguro adiar o retorno às aulas e garantir que as escolas sejam adequadas para receber nossos estudantes", alertou o prefeito.
A Secretária Municipal de Educação, Solange Dias, também se manifestou sobre o adiamento. Ela assegurou que o calendário escolar será ajustado para garantir que os 200 dias letivos exigidos por lei sejam cumpridos. As aulas serão reorganizadas de forma a repor os dias perdidos. Solange destacou ainda alguns avanços importantes no setor, como a contratação de 1.700 Cuidadoras de Crianças com Deficiência (CADs), a garantia da merenda escolar e o funcionamento do transporte escolar. Além disso, a fila de espera para vagas em creches foi significativamente reduzida, passando de 4 mil para 2.539 crianças, e, no ensino fundamental, não há mais listas de espera.
Com relação aos materiais escolares, a prefeitura informou que os kits escolares serão entregues até 45 dias após o início das aulas, garantindo que todos os alunos tenham os recursos necessários para o ano letivo. A gestão municipal tem se empenhado em resolver as questões estruturais e financeiras para garantir um ensino de qualidade, mesmo diante das dificuldades enfrentadas.
Em sua fala, Abílio Brunini pediu compreensão aos pais e responsáveis, reforçando que a segurança dos alunos e dos profissionais de educação sempre será a prioridade da gestão. "Estamos trabalhando incansavelmente para superar os problemas herdados e resolver as questões que encontramos. A decisão de adiar o início das aulas foi tomada com responsabilidade, pensando sempre no bem-estar e segurança de todos", concluiu o prefeito.
A presidente do Conselho Municipal de Educação de Cuiabá, Andréa dos Santos, justificou o adiamento como uma medida necessária diante da situação de emergência nas escolas. Ela explicou que, além da infraestrutura já precária, as fortes chuvas dos meses de dezembro e janeiro causaram danos consideráveis às estruturas das unidades escolares, o que colocaria em risco a integridade física dos estudantes e dos profissionais da educação. "A decisão de adiar as aulas foi tomada após uma análise cuidadosa da situação. É essencial que as escolas estejam em condições seguras para que o aprendizado não seja comprometido, e, acima de tudo, para que nossos alunos e educadores não corram riscos", afirmou Andréa.
A situação, embora difícil, está sendo tratada com urgência pela administração municipal, que trabalha para recuperar as condições das escolas e garantir que o ano letivo transcorra com mais segurança e qualidade.