O deputado estadual Wilson Santos (PSD) não poupou críticas ao deputado Gilberto Cattani (PL) essa semana. Ele expôs a contradição do colega frente à reforma agrária e à CPI da Invasão Zero, que investiga invasões em áreas urbanas e rurais de Mato Grosso.
Durante entrevista ao Jornal da Cultura 90.7, na terça-feira (3), Wilson lembrou o passado de Cattani como assentado da reforma agrária e chamou atenção para o que considerou um posicionamento "hipócrita" do parlamentar.
O deputado Cattani mora em um assentamento, é cliente, filho e beneficiado da reforma agrária. Ele precisa ter gratidão a isso. Precisa entender esse processo, já que ele é o único deputado estadual de Mato Grosso que recebeu um lote do Incra. Ele tem uma postura radicalmente contra a reforma agrária", alegou Wilson.
A fala veio à tona enquanto Wilson comentava a possibilidade de ser indiciado pela CPI da Invasão Zero, já que o ex-tucano atuou em processos de reintegração de posse, como na comunidade Brasil 21, no Contorno Leste, onde famílias foram removidas e barracos demolidos por decisão judicial.
Diante disso, Wilson relembrou o contexto histórico das terras ocupadas e alfinetou o colega ao mencionar que a região onde Cattani vive era originalmente espanhola. "Se ele for indiciar a mim, ao Barranco, ao Lúdio, ao Botelho, ele vai ter que indiciar o Dom João Quinto, que assinou o tratado de Madrid, o Dom José Primeiro, o Neto, a Neta da Dona Maria Louca.
Todos esses fizeram a ampliação e alargaram o Brasil. Onde Cattani está, em Nova Mutum e Lucas, não pertencia a Portugal, era uma área que pertencia à Espanha. Então ele está numa área que foi invadida. Ele deveria sair de lá", disparou o deputado que também é professor de história.
Ele também citou glebas no perímetro urbano de Cuiabá que passaram por processos semelhantes e sugeriu que Cattani "estude mais". "Só no perímetro urbano de Cuiabá eu conheço 4 glebas que pertenciam à União: Sucuri, Pascoal Ramos, Despraiado e Quarta-Feira. Essas áreas foram invadidas por grandes proprietários e depois pequenos proprietários invadiram essas áreas. Somente agora alguns ocupantes dos anos 60, 70 e 80 estão sendo titulados", disse.
Ainda durante sua fala, Wilson apontou a origem de diversos bairros de Cuiabá, que surgiram a partir de ocupações, destacando que essa prática fez parte do crescimento urbano da Capital.
"Mais de 30% dos bairros de Cuiabá surgiram do processo de ocupação, como Barbado, Barbadinho, Santa Isabel, Planalto, Pedregal, Dr. Fábio 1 e 2, Santa Laura, Alvorada, Vitória, Florianópolis, Primeiro de Março, Nova Conquista, João Bosco Pinheiro, Eldorado, Novo Milênio, São João Del Rei, Santa Laura, etc. Vai acabar com esses bairros então? Essas famílias todas vão ter que devolver as casas?", questionou.
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