Em um dia marcado por turbulências, o dólar fechou com leve alta nesta terça-feira (17), alcançando um novo recorde de cotação, a R$ 6,0956.
A moeda americana iniciou o dia em forte valorização, superando a marca dos R$ 6,20, com uma máxima registrada de R$ 6,2065. A aceleração da alta pela manhã refletiu o aumento das preocupações no mercado financeiro em relação ao pacote de corte de gastos proposto pelo governo federal, que foi enviado ao Congresso Nacional. A proposta visa uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos e um total de R$ 375 bilhões até 2030, como parte do esforço do governo para zerar o déficit público em 2024 e 2025, seguindo as regras do novo arcabouço fiscal.
De acordo com esse arcabouço, o governo precisa começar a gerar superávits a partir de 2026 para controlar o crescimento da dívida pública. No entanto, os investidores estão céticos em relação à capacidade das medidas adotadas até agora para conter o aumento da dívida a longo prazo. O mercado esperava que o governo implementasse cortes mais profundos em gastos estruturais, como na Previdência, benefícios reajustados pelo salário mínimo e pisos mínimos de investimento em saúde e educação. Porém, essas mudanças não ocorreram.
Analistas apontam que as despesas dessas áreas, que têm tendência de crescimento acelerado, podem anular os efeitos do pacote de cortes em um curto período. No entanto, o governo tem resistido a adotar essas medidas, uma vez que implicariam mudanças em políticas públicas e em promessas de campanha do presidente Lula.
Ainda pela manhã, o Banco Central realizou duas intervenções no mercado de câmbio para tentar controlar a pressão sobre o real. No primeiro leilão, foram vendidos US$ 1,2 bilhão, e no segundo, US$ 2 bilhões. Embora a alta do dólar não tenha sido totalmente revertida, as intervenções ajudaram a amenizar o movimento, com a moeda americana voltando a cotar R$ 6,12.