A PolĂcia Federal (PF) investiga um esquema de corrupção na prefeitura de Belford Roxo, envolvendo contratos que somam R$ 100 milhões entre 2017 e 2024. A maior parte dos contratos ocorreu durante a gestão do prefeito Waguinho.
A operação Errata apurou que a Editora Soler, fornecedora de livros didĂĄticos para a prefeitura, recebeu R$ 53 milhões entre 2019 e 2023, apesar de não ter funcionĂĄrios desde 2016. A empresa foi alvo de busca e apreensão.
Informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostram que a Lastro IndĂșstrias GrĂĄficas recebeu aproximadamente R$ 5,7 milhões da Editora Soler. A Lastro tambĂ©m aparece na prestação de contas da campanha de Daniela do Waguinho, com R$ 64 mil recebidos.
A Rubra Editora e GrĂĄfica, outra empresa envolvida, tinha como sócio João Morani Veiga, que sacou pelo menos R$ 900 mil em espĂ©cie das contas da empresa, segundo o Coaf. Veiga foi alvo de busca na operação. A Rubra recebeu R$ 561 mil na campanha de Daniela em 2022, alĂ©m de R$ 2 milhões do fundo municipal de saĂșde e outros R$ 3 milhões da prefeitura de Belford Roxo.
"Quanto às grĂĄficas, os serviços contratados na Ă©poca da campanha foram todos retirados nos parques grĂĄficos indicados pelas empresas contratadas." concluiu a deputada Daniela.
Atualmente, tanto a Lastro quanto a Rubra tĂȘm Filipe de Souza Pegado como sócio. A Rubra utilizava um escritório de coworking em Botafogo, Rio de Janeiro, apenas para recebimento de correspondĂȘncias.
A deputada Daniela do Waguinho, esposa de Waguinho, foi nomeada Ministra do Turismo em 2022, após o apoio de Waguinho a Lula no segundo turno das eleições. Esse apoio ocorreu após um perĂodo de aliança com Jair Bolsonaro.
Sua passagem pelo ministĂ©rio foi breve, durando sete meses. Daniela alegou "assĂ©dio" da direção nacional do União Brasil, partido do qual se desfiliou. Ela retornou ao seu mandato na Câmara dos Deputados e, em setembro de 2023, tornou-se vice-lĂder do governo Lula no Congresso.
A investigação da PF aponta para um esquema de conluio entre agentes pĂșblicos e fornecedores de livros, com pagamentos superfaturados e documentação falsa. A PF destaca desvios de recursos pĂșblicos e lavagem de dinheiro.
Apesar das acusações graves, Daniela do Waguinho nega qualquer envolvimento com as irregularidades apontadas pela PF.
*Reportagem produzida com auxĂlio de IA