O secretário de Estado de Saúde (SES), Gilberto Figueiredo (União), é investigado pela Polícia Federal no âmbito da Operação Panaceia, desde fevereiro deste ano, por suspeitas de lavagem de dinheiro, após transações financeiras entre ele, os filhos, Renato e Khadine Figueiredo, e outras pessoas.
A informação consta na decisão do desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), Marcus Vinícius Reis Bastos, que suspendeu a investigação sob alegação de usurpação da competência, uma vez que o secretário estadual de Saúde, figura como investigado no inquérito policial, e possui foro por prerrogativa de função.
Na decisão, o magistrado cita um Relatório de Inteligência Financeira ( RIF) feito pela PF, demonstrando movimentação financeira atípica de Gilberto e o filho. As operações financeiras com suspeitas de ocorrências de lavagem de dinheiro foram registradas entre março de 2021 e outubro de 2023.
"Consta do RIF que Gilberto é secretário de saúde e já se candidatou a vereador, como também a deputado estadual nas eleições de 2022. No período de 19/08/2021 a 10/10/2023 movimentou em sua conta valores incompatíveis com a capacidade econômico-financeira e ocupações declaradas, sugerindo a utilização de sua conta para movimentar recursos de terceiros ou atividades diferentes das cadastradas", diz trecho da decisão.
Entre os valores suspeitos citados pela PF está uma operação de crédito de R$ 15 milhões tendo como procuradores Antonio Sergio de Oliveira Amaral e Cezar Emilio Carbonari. Esta linha de crédito serve para antecipar repasses do MInistério da Saúde.
Já com seu filho, a PF identificou transações que somam R$ 329.7 mil. "Por fim, na última comunicação o Gilberto recebe valores, no total de R$ 157.500,00. Nessa comunicação, o titular Renato Giacomini recebe diversos depósitos em espécie, por Bruno Borges. Além do fato, de ter feito pagamento de títulos em nome de seu pai. Suspeita-se de utilização da conta pessoal para trânsito de recursos de suas empresas, podendo constituir tentativa de burla fiscal. Não foi identificado fundamentos legais nem econômicos que justifiquem as movimentações observadas, que se apresenta muito acima da renda cadastrada", completa.
OPERAÇÃO PANACEIA
A Operação Panaceia foi deflagrada no dia 6 de dezembro para investigar um suposto esquema de fraude em licitação durante o período da pandemia e culminou na prisão do diretor do Hospital Regional de Cáceres, Onair Nogueira, e o afastamento da secretária-adjunta Caroline Dobes.
Em depoimento à PF, Caroline afirmou que todas as assinaturas de contratos eram feitas por Gilberto Figueiredo. Ao todo foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão, dois afastamentos de servidores públicos e o bloqueio de R$ 5,5 milhões das contas de 12 investigados pela Justiça.
Outro lado
A reportagem procurou o secretário Gilberto Figueiredo que, por meio de nota, disse que tomou conhecimento pela imprensa sobre um inquérito aberto para investigar transações financeiras supostamente ilegais entre ele e o filho.
"Coloca-se à disposição das autoridades para demonstrar que todas as transações realizadas no âmbito familiar ocorreram de acordo com a legislação vigente e serão esclarecidas", disse. A reportagem procurou o filho do secretário, porém não conseguiu contato.
gazetadigital