A Bolsa brasileira, Ibovespa, registrou alta superior a 1%, ultrapassando os 126 mil pontos, após o anúncio do presidente dos EUA, Donaldo Trump, sobre novas tarifas comerciais. Os mercados americanos também apresentaram crescimento.
O dólar, após um leve aumento na véspera, recuou em relação ao real brasileiro. O fechamento do dólar à vista ficou em R$ 5,7679, uma alta de 0,10%. Essa reação positiva do mercado se deve à interpretação de que o anúncio de Trump, embora ameaçador, abre espaço para negociações e acordos comerciais, sugerindo tarifas menos agressivas que o inicialmente temido.
O anúncio de Trump foi visto como uma orientação para sua equipe econômica estudar tarifas e barreiras comerciais impostas aos EUA, sem medidas recíprocas imediatas. Muitos investidores estavam prevendo uma ação mais contundente, o que contribuiu para a diminuição da tensão no mercado cambial.
"Há inúmeros exemplos em que nossos parceiros comerciais não dão tratamento recíproco aos Estados Unidos. A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto os EUA exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil."
memorando da Casa Branca.
Apesar do otimismo inicial, o mercado continua monitorando atentamente os potenciais impactos das tarifas para o Brasil. Um estudo do Bradesco estima que tarifas de 25% sobre importações de aço dos EUA poderiam afetar as exportações brasileiras em até US$ 700 milhões, considerando os US$ 4,1 bilhões exportados em 2024. O banco, no entanto, aponta que a maioria das exportações brasileiras de aço são produtos semi-acabados, com menor elasticidade de preço.
A consultoria Capital Economics destaca o Brasil entre os países que mais sofreriam com as medidas de reciprocidade tarifária, considerando tanto taxas quanto impostos sobre valor agregado (IVA). De acordo com a consultoria, o Brasil, com 28%, estaria entre os mais afetados.
"A maioria é composta por produtos semi-acabados de aço, que servem de insumo para a indústria norte-americana e tendem a ter uma elasticidade de preço menor do que a usual."
ressaltou o Bradesco.
Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, acredita que empresas de commodities, como mineração, aço, petróleo, etanol e café, serão as mais impactadas. A Casa Branca, inclusive, mencionou o etanol brasileiro como alvo em potencial.
A Amcham Brasil, por outro lado, destaca que quase metade das vendas de produtos norte-americanos para o Brasil são isentas de tarifas, com uma tarifa média de importação brasileira para produtos dos EUA de apenas 2,7%, muito menor que a média mundial de 12,4%. Essa perspectiva sugere que o Brasil pode não ser uma prioridade para os EUA, e que negociações de cotas para determinados produtos são possíveis.
Apesar do cenário incerto, a expectativa é de que uma possível negociação de cotas reduza a volatilidade. Contudo, as declarações de Trump continuarão sendo monitoradas de perto.
Em resumo, o anúncio de Trump causou inicialmente um impacto positivo no mercado, mas incertezas permanecem sobre os possíveis impactos a longo prazo para o Brasil, principalmente para setores como aço e etanol. A situação exige atenção contínua e a possibilidade de futuras negociações entre Brasil e EUA.
*Reportagem produzida com auxílio de IA